"É
o seguinte: deve haver uma palavra que, uma vez dita, muda o mundo...
parece que tem um rio no meio de nós dois... e eu falo e não tem
rio... aí olho e tem... eu quero dizer a você a verdade... eu te
proponho... nada... a verdade é que... eu não sei por que te chamei
aqui... acordei de manhã e tinha uma luz elétrica na minha mão...
minha mão dava choque e o fone do telefone brilhava e minha mão foi
atraída pelo fone e eu tinha que absolutamente te falar... eu tenho
alguma coisa para te falar e eu não sei o que é... eu quero te
falar uma coisa... mas não sei o que é... quero dizer tudo... quero
que minha alma saia pela boca e eu fique estatelado morto aí no
tapete feito um atropelado... nu... absolutamente visível...
transparente... quero dizer tudo que eu posso para você... e... eu
tenho de dar minha alma... que merda de porra de literatura
escrota... mas eu não sei o que falar... eu quero..."
(Arnaldo
Jabor in Eu sei que vou te amar)
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